23.11.11

21.11.2011

O ritual repetitivo de chorar em aeroportos e rodoviárias espalhadas pelo Brasil.
Sentar nos bancos de plástico e tentar barrar a torrente com dedos ineptos.
Os momentos insuportáveis que se sucedem e não são nada além de vácuo e taquicardia. Fazer as malas pela manhã, olhar-se nos próprios olhos na hora de se barbear, encarar a breve fila do guichê com ele do lado, digitar automaticamente a senha do cartão e esperar pela resposta eletrônica,
Comprar duas garrafas de água enquanto o Jornal Hoje na TV da lanchonete lembra que existe todo um mundo ocupando os espaços ao redor dos dois apartamentos tão parecidos quanto distantes.

A viagem é uma névoa de serras e dramim.
Compra a janela errada e olha o mato, quilômetros e quilômetros de mato –
nada das belas praias de Santa Catarina, que na volta são apenas lembretes do que o mar sempre devolve à areia.
“A distância não é nada, a distância não é nada”, mas não desgruda os olhos de tanto mato, pois eles lhe dizem que a distância é
Tudo: negação e confirmação, amor e esquecimento em ondas na arrebentação.
O anacronismo das viagens de ônibus se revela nas paradas em que desce grogue atrás de um doce e lhe trazem lembranças exatas que só surgem ali – as paradas são estranhas criaturas virtuais.
O trajeto todo é virtual. O travo que dura dezoito horas e cento e trinta e cinco músicas. A sensação que percorre mil cento e quarenta e quatro quilômetros e desemboca na Novo Rio intacta, vitoriosa.

No táxi, no engarrafamento, ouve as notícias do dia num frenesi de carros parados pela cidade.
E comerciantes mortos na Maré. E agências reguladoras de petróleo que não funcionam. E manchas que lentamente avançam pelo mar. E levar a esposa para uma viagem sem celulares,
Enfim. E o dia vai fechar é bom levar casacos e guarda-chuvas para o trabalho. Mas o dia é quente, abafado, escorre pelas costas e é vago é triste brando não desgruda da gente – lembra dele no papel de parede do laptop, nas tabelas do Excel, nos e-mails que sempre terminam com

Atenciosamente,
Carlos Calenti.

7.11.11

1144

ligo para o quarto 311
o mundo não mudou nada nesse tempo
e não há o que fazer
sentar-se no sofá vermelho
contar os pequenos círculos
queimados no braço aveludado
chorar todo o álcool do seu
corpo
ensinar ao corpo as
agruras do celibato
por que você não vem logo
nós temos uma cidade para,
temos uma cidade toda para
do alto de santa tereza vendo
a maior lua
que já se teve notícia
na história de toda a humanidade
temos uma cidade para amar.

****

sentimento recorrente, prestes a retornar.
 

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