2.7.09

A programação das tardes da tevê brasileira é mesmo uma coisa impressionante. Muitas vezes eu sou capaz de ficar horas e horas trocando compulsivamente de canal, ouvindo as últimas fofocas das últimas celebridades, as discussões acaloradas entre mães que gostam de sair com as filhas e filhas que não gostam que suas mães achem que são mais jovens do que são, os testes de verdade com polígrafos que dirão se o marido traiu sua esposa com um homem, com uma mulher, ou se tudo não passou de uma suspeita infundada que é carregada sem nenhum tato pela apresentadora através de todos os blocos, para que só descubramos o resultado nos últimos segundos do programa, naquele momento exato em que descobrimos que não nos importamos. De fato, é uma espécie de hipnose letárgica, um tanto diferente daquela produzida pelo mar, em que não há lembranças nem mistérios nem perguntas, só uma frase inútil após a outra, todas ouvidas com uma atenção descompromissada que ainda assim nos prende no sofá, e de repente são seis da tarde, diz o apresentador ao se despedir.

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Esse é um pedaço de algo que eu (não) estou escrevendo já há muito tempo.
Nada pronto, claro. Um dia, quem sabe, saia. Não por enquanto.
Mas, vai lá. Tá aí.
 

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