17.11.08

Paramaribo

com sua população de cerca de 250 mil habitantes
é a capital do Suriname
a cidade está localizada adjacente
ao Rio Suriname
5°52' Norte e 55°10' Oeste
distando aproximadamente 15 km do
Oceano Atlântico
Bauxita, cana-de-açúcar, arroz,
cacau, café, rum, e madeiras tropicais
são exportados de Paramaribo.
A cidade também manufatura
cimento, tinta, e cerveja

29.8.08

extras II

na estrada
o carro parecia
um pequeno inseto
de corpo fino
frágil
tão frágil
seguindo pelo corredor
que os caminhões
essas gigantes máquinas
de morte
pensava ela
com a cabeça deitada
sobre o vidro
embaçado
criavam
o carro tremendo
como prestes a
desmontar na
tempestade de pesos
barulhos e cargas e buzinas
e asfaltos molhados
derrapantes
conversavam pouco
algumas frases sobre
Marianne
(a amante) até ela
começar a gritar:
pára, pára, pára
o carro! o que ele
assustado
fez
deixando o veículo morrer
lentamente
no acostamento
tenho que vomitar
não me siga
e saiu na chuva
seu corpo
definhando
ao atravessar a grossa parede
de água
se dissolvendo
esses contornos que
não mais
voltaram e
foram ressuscitar
longe dali.

13.8.08

de novo, pela segunda vez, agosto corresponde à sua fama. o que me lembra um poema da Angélica Freitas:

agosto a oitava coelhinha da playboy
ou o templo dourado de kinkakuji
ou um gato e um pato num cesto

meu avô não gostava de agosto
dizia agosto mês de desgosto
quando passava dizia agora não morro mais


aqui agosto significa chorar no chão da cozinha e procurar um chão de cozinha novo para chorar quando for preciso. mas logo logo é setembro e primavera e tal.

*****

achei esse poema literalmente perdido no caderno. e, estranho, não lembro muito bem o que ele significa ou quando eu fiz.
mas tá aí:

as migalhas que deixamos
deveriam formar a trilha
para a paisagem perfeita
que não conseguimos
fotografar pelas páginas
ficam folhas ressecadas
pedaços soltos de sensações um
resquício qualquer que
te abre essa linha
de fuga do
horizonte a
menor distância entre
dois pontos

24.7.08

triste é quando a teoria da produtividade substitutiva (via kênia)vira simplesmente proscratinação crônica, e você num faz o trabalho, nem lê outros livros, nem sai muito, nem posta no blogue.
é uma espécie de punição: se você não produz o que deveria, também não deve se divertir. uma coisa, assim, bem cristã.
por essas e outras nem comemorei o aniversário de cinco anos do blogue. não dessa versão, é claro, mas da encarnação anterior (que se junta a essa como se fossem a mesma entidade). cinco anos é um baita tempo! prum blogue, pelo menos, é. e estamos aí, em tempos de maiores ou menores inspirações, resistentes.
parabéns pro pulp!

e agora de volta ao focault...

28.6.08

Partes para usar depois

Escrevo um poema em que a maresia corrói o rosto das pessoas. Um sobre uma cidade grávida do verão. Outro, sobre uma cidade que desaparece e alguém que aprende a desaparecer junto – o amor um prédio que implode ao contrário e vai para os céus, de repente transformado numa nave espacial.

25.6.08

não fale
desse
meu
esganiçado
empedernido
alucinado
coração

ou de
todas as
histórias que
não são
minhas
mas que
eu uso
mesmo
assim

esses
samplers
que me
contam
de viés

21.6.08

extras

quando estou
vagando pelas
ruas e sinto
o cheiro de
maresia ou
ouço a voz do
mar ecoando nas
dobras de uma
concha começo
a tremer meus
olhos se fecham
e posso até sentir
o vento sul
cortante do
meu próprio
espírito santo
particular
quando
o scotty que
eu tanto
queria beijar
se apaixona por
uma tal italiana
eu tremo fecho
os olhos e penso
no meu próprio
espírito santo
particular
que deixei
à tanto
naquela estrada
à beira-mar
só de pensar
no meu próprio
espírito santo
particular
meus nervos
reagem se
descontrolam a
rodovia do sol
que eu
experimentei e
que parece
o rosto desfigurado
que chamo
de lar e
que deve dar
em todo
todo o
mundo

19.6.08

"O problema de escrever: o escritor, como diz Proust, inventa na língua uma nova língua, uma língua de algum modo estrangeira. Ele traz à luz novas potências gramaticais ou sintáticas. Arrasta a língua para fora de seus sulcos costumeiros, leva-a a delirar. Mas o problema de escrever é também inseparável de um problema de ver e de ouvir: com efeito, quando se cria uma outra língua no interior da língua, a linguagem inteira tende para um limite 'assintático', 'agramatical', ou que se comunica com seu próprio fora.
O limite não se está fora da linguagem, ele é o seu fora: é feito de visões e audições não-linguageiras, mas que só a linguagem torna possíveis. Por isso há uma pintura e uma música próprias da escrita, como efeitos de cores e de sonoridades que se elevam em cima das palavras. É através das palavras, que se vê e ouve. Beckett falava em 'perfurar buracos' na linguagem para ver ou ouvir 'o que está escondido atrás'. De cada escritor é preciso dizer: é um vidente, um ouvidor, 'mal visto mal dito', é um colorista, um músico".

Deleuze,
Crítica e Clínica.

5.6.08

me irrita que de novo
perca tudo com a cabeça
enfiada dentro do
livro, o centro do Rio aos poucos
se afastando e o de Niterói
que se aproxima

do deque penso o tempo todo na
barca virando, caindo
lentamente em direção
ao mar – tão escuro
e espesso – e
na falta de coletes salva-vidas
por perto

também naquela história de Camões
naufrago, salvando as Lusíadas
e deixando seus companheiros à
morte em Macau

mas é tudo o mesmo
movimento sacolejante entre
duas cidades.
isso de mar e
morte, poesia e
paranóia. a distância que
nos separa dos dois
pontos. a importância
do que está no
meio.
 

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