29.8.08

extras II

na estrada
o carro parecia
um pequeno inseto
de corpo fino
frágil
tão frágil
seguindo pelo corredor
que os caminhões
essas gigantes máquinas
de morte
pensava ela
com a cabeça deitada
sobre o vidro
embaçado
criavam
o carro tremendo
como prestes a
desmontar na
tempestade de pesos
barulhos e cargas e buzinas
e asfaltos molhados
derrapantes
conversavam pouco
algumas frases sobre
Marianne
(a amante) até ela
começar a gritar:
pára, pára, pára
o carro! o que ele
assustado
fez
deixando o veículo morrer
lentamente
no acostamento
tenho que vomitar
não me siga
e saiu na chuva
seu corpo
definhando
ao atravessar a grossa parede
de água
se dissolvendo
esses contornos que
não mais
voltaram e
foram ressuscitar
longe dali.

13.8.08

de novo, pela segunda vez, agosto corresponde à sua fama. o que me lembra um poema da Angélica Freitas:

agosto a oitava coelhinha da playboy
ou o templo dourado de kinkakuji
ou um gato e um pato num cesto

meu avô não gostava de agosto
dizia agosto mês de desgosto
quando passava dizia agora não morro mais


aqui agosto significa chorar no chão da cozinha e procurar um chão de cozinha novo para chorar quando for preciso. mas logo logo é setembro e primavera e tal.

*****

achei esse poema literalmente perdido no caderno. e, estranho, não lembro muito bem o que ele significa ou quando eu fiz.
mas tá aí:

as migalhas que deixamos
deveriam formar a trilha
para a paisagem perfeita
que não conseguimos
fotografar pelas páginas
ficam folhas ressecadas
pedaços soltos de sensações um
resquício qualquer que
te abre essa linha
de fuga do
horizonte a
menor distância entre
dois pontos
 

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